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FIM DA GREVE

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No inferno de 1984, os operários da equipe FOLHA DE LÍRIO decretaram greve.

Os editores, querendo causar uma boa impressão, exigiam melhor qualidade gráfica.

Cadeiras de palha estavam estragando a coluna. Reivindicavam cores, muitas cores. Muitas cores nas páginas.

Vamos e venhamos: o fato de ser 1984 já valia uma greve ampla e irrestrita.

Figueiredo governava o Brasil como quem administra um estábulo. Ronald Reagan se candidatava para governar como quem dirige um camarim.

Garota Dourada era um sucesso entre a juventude, supostamente também dourada. O Figueirense Futebol Clube mais uma vez não foi campeão.

E também estavam cansados de serem lidos sempre pela mesma dúzia de pessoas. Os operários da Folha, com esta greve ampla e irrestrita, queriam atingir o coração da Corporação

De Lírio: a sua direção.

Mas não lembraram que a Folha sempre esteve à frente de seu tempo: os operários eram as mesmas pessoas que dirigiam a empresa, numa espécie de auto-gestão manezinha, e assim, um tanto confusos e constrangidos, decretaram greve contra si mesmos.

E numa decisão firme, mantiveram a greve por 38 anos, sendo considerada uma das greves mais longas da história do capitalismo ocidental.

Foi uma greve memorável, ah se foi! Ao parar de circular, a Folha ocasionou transtornos irremediáveis na vida do planeta. Relata-se que, em uma certa ocasião, uma turba com cerca de 100 pessoas enraivecidas invadiu um supermercado por uma suposta remarcação de preços dos fardos dos Papéis Higiênicos Lírio. Mas eram apenas as fiscais do Sarney.

Nesta mesma era, foram reportadas tragédias climáticas em diversos pontos do planeta. Pelo menos um avião caiu. Rebeliões no sistema prisional.

Golpes de estado. Crises na bolsa. Vento sul de rebojo e uma das piores safras de tainha.

Tendo algumas das reivindicações atendidas, os operários e editores se reúnem novamente, para produzir a Folha de Lírio, uma edição limitada para colecionadores

QUE É ISSO?

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Como o próprio nome diz, a Folha de Lírio é uma publicação em formato de folhetim destinada aos assuntos mais sérios que afligem a humanidade, como por exemplo, o latido noturno dos vira-latas ou espécimes arbóreas que não existem.

 

Nascida na década de 80, a Folha resiste até hoje graças a sua perseverança e inércia. Incólume ao tempo, como uma semente guardada num pote de ouro, a Folha renasce no século seguinte, fruto de uma pandemia que obrigou todos a se voltarem a si mesmos.

 

 

 

 

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